domingo, 4 de julho de 2010

rascunho nº 12

Hoje falei sobre ti.
Senti um aperto enorme no coração.
Não um aperto de dor, não um aperto de angústia, mas sim de saudade.
Hoje quando falava sobre ti com a avó (tua filha) senti que ela, tal como eu, tem o coração bem apertadinho (também lhe fazes falta...).
Hoje a avó disse que tu eras: "difícil de esquecer mas fácil de lembrar", e é verdade.
É difícil, é impossível esquecer uma bisavó como tu.

E é fácil, é simples lembrar uma bisavó como tu.
Hoje com uma lágrima no canto do olho, e os olhos a brilhar de saudade descobri que esse sentimento (a saudade) é bom.

Descobri que quando se tem saudade tem-se coração, e quando se tem coração tem-se vida!

E nem sabes como é bom estar viva... Como é bom viver!

minha velhinha, tenho milhares de milhões de saudades tuas.

rascunho nº 11

"A vida é o dia de hoje
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;

A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo que se esvai:
A vida dura num momento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!

A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:

Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida - pena caída
De vale em vale impelida
A vida o vento levou!"

João de Deus

a vida é tão estúpida. a vida é tão estúpidamente boa

rascunho nº 10

"Acordo todas a manhãs com este zumbido e a certeza que não vais voltar.
Cansada de me convencer que, apesar e acima do teu individualismo, estava a tal inevitabilidade a que nos subtemos e chamamos amor, pensei que, com todo o amor que sentia por ti, te iria suavizar e de alguma forma fazer parte do teu equílibrio, tornamdo-me subtilmente indispensavel.
Nunca pensei enganar-me tanto. Mas só agora percebo que o teu amor por mim não foi uma inevitabilidade, mas uma escolha.
Alguém que te chamou a atenção e que, um dia, decidis-te atravessar, com a inuição certeira de um animal selvagem que procura refuguio temporário, quando está cansado.
Sei que não vinhas a fugir de nada, nem á procura de coisa nenhuma. Mas acho que quando eras pequeno, te arrancaram uma parte de ti, e desde então ficaste incompleto e perdes-te, quem sabe para sempre, a capacidade de adormecer no braços de alguém sem que penses no perigo de ficar na armadilha do carinho para todo o sempre."


Margarida Rebelo Pinto